quinta-feira, 23 de abril de 2020

#coisasqueaprendicomaquarentenadocovid19


Do alto do meu 2º andar, olhei pra baixo, para o Centro de uma cidade que independente de quarenta costuma ser de um silêncio absoluto, e vi um homem magro, escuro, com roupas desgastadas, remexendo cuidadosamente o lixo. 
Era cuidadoso, o que demonstrava uma visível consciência com o impacto do lixo no meio ambiente. 
Mas em vez de separar o material reciclável, tentava separar restos de comida e arrumava num balde, cuidadosamente. 
Chorei!

Bicho (Manuel Bandeira)
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(escrito na década de 1940, por Bandeira. Mas poderia ter sido hoje. O que deixa cada vez mais claro que avançamos em tecnologia. E em nada mais...

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