domingo, 22 de abril de 2018

Âmbar, Lua Vermelha e um Estado de Poesia





A beleza do dia pode ser em forma de música.

Para os amigos cegos, a melodia. Para os amigos surdos, a letra logo abaixo. E assim, vamos buscando que todos e todas tenham acesso à beleza da poesia.


"Tá tudo aceso em mim
tá tudo assim tão claro
tá tudo brilhando em mim
tudo ligado
como se eu fosse um morro iluminado
por um âmbar elétrico
que vazasse nos prédios
e banhasse a lagoa até são conrado
e ganhasse as canoas

aqui do outro lado
tudo plugado
tudo me ardendo
tá tudo assim queimando em mim
como salva de fogos
desde que sim eu vim
morar nos seus olhos"
(Adriana Calcanhoto)


"Lua vermelha
quase sem amor
minha luz alheia
brilho sem calor

lua vermelha
branca lua preta
lambe a minha orelha
com a sua cor

lua vermelha
10 da madrugada
sapos na calçada
de nenhum país

lua vermelha
noite sem Luís
toda sertaneja
eu sempre te quis

lua vermelha
minha namorada
flor desabrochada
leite de pequim

lua vermelha
noite que menstrua
lua lua lua
por cima de mim

lua vermelha
pedra que flutua
que ilumina o poste
que ilumina a rua

lua vermelha
meia de Luís
toda sertaneja
eu sempre te quis

lua vermelha
ave flecha pluma
pérola madura
sono do dragão

lua vermelha
só uma centelha
dura enquanto dura
bolha de sabão

lua vermelha
fora da bandeira
bola japonesa
no céu do sertão

lua vermelha
negra de luís
toda sertaneja
eu sempre te quis"
(Arnaldo Antunes)

"Para viver em estado de poesia
Me entranharia nestes sertões de você
Para deixar a vida que eu vivia
De cigania antes de te conhecer
De enganos livres que eu tinha porque queria
Por não saber que mais dia menos dia
Eu todo me encantaria pelo todo do teu ser

Pra misturar meia noite meio dia
E enfim saber que cantaria a cantoria
Que há tanto tempo queria
A canção do bem querer

É belo vês o amor sem anestesia
Dói de bom, arde de doce
Queima, acalma
Mata, cria
Chega tem vez que a pessoa que enamora
Se pega e chora do que ontem mesmo ria
Chega tem hora que ri de dentro pra fora
Não fica nem vai embora
É o estado de poesia"
(Chico César)