domingo, 13 de março de 2016

No mês das mulheres, para além das comemorações, algumas informações

*  Rita Mendonça


As mulheres integram o grupo das pessoas que tem mais desrespeitados os seus direitos humanos e experimentam uma longa história de “não reconhecimento” e de dominação. 
As mulheres são mais vulneráveis à pobreza e à discriminadas nas oportunidades de trabalho.  E muitos são os indicadores e fontes que confirmam essa dura realidade.  É o que nos diz, por exemplo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea[1] (1994)  que aponta para uma subutilização da mão-de-obra feminina, por razões culturais, sociais e até mesmo religiosas, que obrigam a mulher a permanecer com a responsabilidade dos cuidados e trabalhos domésticos, e sem tempo e nem espaço para se desenvolverem como profissionais e como cidadãs.
Segundo o Censo de 2010, 51% dos 190.755.799 habitantes de nosso país são mulheres[2].
Altas taxas de força de trabalho feminina, em países em desenvolvimento, são indicadores que tem que ser vistos com cautela, pois podem significar remuneração incipiente e trabalho informal, em atividades apenas somadas à carga do trabalho doméstico, e sem que consistam em ingresso digno e competitivo no mercado de trabalho.
Mulheres ainda recebem os menores salários[3], estão sujeitas à dupla jornada de trabalho, pois são as responsáveis pelo trabalho doméstico não lucrativo (dicotomia entre “mulher cuidadora” e “homem provedor”) [4], e ainda padecem em decorrência da gravidez e do parto[5], além de correrem iminente risco de sofrer violência até mesmo em seu próprio núcleo familiar[6], contraditoriamente o local onde deveriam encontrar aconchego e segurança.
Não se pode mais admitir que uns sejam “mais humanos” do que outros, apenas em razão do gênero, se masculino ou feminino.  Não faz sentido que a maior parcela da população mundial, composta pelas mulheres, ainda viva sem experimentar os direitos e garantias mais fundamentais em sua plenitude, e sem o reconhecimento de sua participação política e de seu trabalho para a estruturação das famílias (base da sociedade), e mesmo para o progresso da humanidade.
* Rita Mendonça é advogada, especialistas em Educação em Direitos Humanos, Diversidade, Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça, Participação Democrática, República e Movimentos Sociais.  É Diretora Jurídica e de Diversidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Alagoas (ABRHAL) e Secretária Adjunta da Mulher e dos Direitos Humanos do Estado de Alagoas.

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